Aprendendo a viver | Temporada 1 | Episódio 1
Narrado por Mariana
Não sei dizer ao certo quando isso tudo começou, mas a questão é começou… Já era ruim começar em uma escola nova, mas começar no meio do ano parecia ser três vez pior. Minha mãe estava tão animada com essa mudança, que eu jamais diria alguma coisa que pudesse tirar essa animação dela. Hoje faz três anos desde que o acidente responsável por tirar meu pai da gente aconteceu, e presenciar, dia após dia minha mãe afundando-se em si mesma foi quase tão doloroso a mim quanto o dia em que dei adeus ao meu pai. Para mim, ver aquele brilho em seus olhos não tinha preço, e faria de tudo para que ela continuasse assim, mesmo que isso custasse a minha felicidade.
-Mari, onde você está?
-Estou aqui em cima, mãe!
-Filha, está ocupada?
-Não, mãe, para você nunca!
-Mari, eu sei que deve estar sendo difícil para você, mas meu anjo, aqui em Windenburg, há muito mais atividades para se fazer… Muitas novas possibilidades de amizades…
-Está tudo bem, mãe, confie em mim! Olha só estou até arrumando meus materiais para a nova escola.
-Você não tem ideia do quanto fico aliviada em saber disso Mari… Aliás, falando em escola, quando você voltar quero conversar com você sobre umas coisas.
-Tranquilo, quer adiantar o assunto.
-Melhor não, não quero que você pense em mais nada a não ser fazer amizades e, claro, tirar boas notas, mocinha, senão…
-Já sei… Sem mesada!
-Eu te amo!
-Também te amo, mãe! Boa sorte com o novo Job!
-Mari, onde você está?
-Estou aqui em cima, mãe!
-Filha, está ocupada?
-Não, mãe, para você nunca!
-Mari, eu sei que deve estar sendo difícil para você, mas meu anjo, aqui em Windenburg, há muito mais atividades para se fazer… Muitas novas possibilidades de amizades…
-Está tudo bem, mãe, confie em mim! Olha só estou até arrumando meus materiais para a nova escola.
-Você não tem ideia do quanto fico aliviada em saber disso Mari… Aliás, falando em escola, quando você voltar quero conversar com você sobre umas coisas.
-Tranquilo, quer adiantar o assunto.
-Melhor não, não quero que você pense em mais nada a não ser fazer amizades e, claro, tirar boas notas, mocinha, senão…
-Já sei… Sem mesada!
-Eu te amo!
-Também te amo, mãe! Boa sorte com o novo Job!
Eu não estava com medo, estava em pânico! Não gostava de ir a um lugar onde eu não conhecia ninguém. Eu simplesmente me sentia deslocada na maioria dos lugares em que outras pessoas da minha faixa etária iam, e por mais que eu me esforçasse em me “encaixar", sentia-me uma boba, que nunca seria tão linda, inteligente ou magra como as outras garotas da minha idade. Eu queria fugir de todos aqueles olhares, mas principalmente, se pudesse fugiria de mim mesma.
Caminhando pelos corredores em busca de minha sala, e completamente perdida em meus complexos fiz a última coisa que pensei que fosse fazer no meu primeiro dia de ensino médio, esbarrar nos alunos do terceiro ano, e de quebra ouvir umas risadas muito sugestivas a minha pessoa. Me senti completamente mal, mas simplesmente pedi desculpa e segui em meu caminho. Que situação… Por sorte logo encontrei minha sala, e como de costume senti próxima a mesa de meu professor, Sr. Rodrigues. A primeira aula que tive, foi a de espanhol e o professor me explicou que eu teria de tentar entrar em um grupo para as apresentações científicas que ocorreriam no mês seguinte, por sorte, até que não foi complicado entrar em um grupo onde tinha mais três meninas e um garoto, Eduarda, Bruna, Camila e Pedro.
No intervalo, conheci um pouco mais sobre a vida de Camila e confesso que simpatizei bastante com ela, ela também havia mudado-se esse ano para a cidade e definitivamente não senti em seu olhar o mesmo julgamento que senti nos outros. Ela era tão good vibes, e sua energia me contagiou. Por alguns instantes eu havia esquecido de que hoje era o dia mais triste do ano para mim.
- Posso te chamar de Mari? Acho bem fofo esse apelido.
- Claro Camila! Eu também adoro que me chamem.
- Argh, só não me chama de “Camila”, porque parece que está me chingando. Me chama de Mila, pode ser?
- Claro, Mila!
- Então, achando muito assustador o primeiro dia de aula.
- No início foi, cheguei a dar um esbarrão com uns alunos do terceirão, queria enfiar minha cara na terra, depois disso…
- Hahahaha, nada a ver! Só ignorar, eles são uns imaturos, não sei como a Eduarda consegue namorar um deles. O Mais galinha deles, por sinal!
- Ela não parece ter ido com minha cara, não é?
- A Duda é meio “difícil no começo”, mas depois você se acostuma…
- Está ai uma coisa que eu me acostumo fácil… - o Sinal tocou.
- Hei! Pelo visto temos muito o que conversar… Já sei, quer almoçar comigo depois da aula?
- Querer eu quero, mas combinei com minha mãe de almoçar com ela hoje, pode ser amanhã?
- Claro! Está combinado!
- Posso te chamar de Mari? Acho bem fofo esse apelido.
- Claro Camila! Eu também adoro que me chamem.
- Argh, só não me chama de “Camila”, porque parece que está me chingando. Me chama de Mila, pode ser?
- Claro, Mila!
- Então, achando muito assustador o primeiro dia de aula.
- No início foi, cheguei a dar um esbarrão com uns alunos do terceirão, queria enfiar minha cara na terra, depois disso…
- Hahahaha, nada a ver! Só ignorar, eles são uns imaturos, não sei como a Eduarda consegue namorar um deles. O Mais galinha deles, por sinal!
- Ela não parece ter ido com minha cara, não é?
- A Duda é meio “difícil no começo”, mas depois você se acostuma…
- Está ai uma coisa que eu me acostumo fácil… - o Sinal tocou.
- Hei! Pelo visto temos muito o que conversar… Já sei, quer almoçar comigo depois da aula?
- Querer eu quero, mas combinei com minha mãe de almoçar com ela hoje, pode ser amanhã?
- Claro! Está combinado!
Parece mentira, mas no caminho de volta para casa, esbarrei novamente com o mesmo garoto que esbarrei antes da aula, mas dessa vez duas coisas estavam diferentes: ele estava sozinho e em vez de estar sorrindo, parecia estar bastante abalado, quase chorando. Antes que eu pudesse perceber perguntei se estava tudo bem:
- Você está bem? Eu sei que você não me conhece e nem eu a você… Quero dizer… Ah desculpa…
- Não tudo bem… Parece que o acaso adora fazer a gente se esbarrar, não é?
- O acaso ou a minha desatenção…
- Olha, uma coisa não anula a outra… Me chamo Joaquim, e você?
- Mariana, prazer!
- Prazer, Mariana.
- Mas então… Quer me contar o que está acontecendo? Desabafar pode ajudar.
- Pressão para fazer um curso que não tem nada a ver comigo, o de sempre… É um saco fazer vestibular…
- Olha, eu acredito que você deve fazer o que ama e ponto. É você que vai ter conviver consigo mesmo pro resto da sua vida, não é?
- Quem dera ser tão fácil, assim…
- E quem disse que não é?
- Você quer uma lista em ordem cronológica ou alfabética?
- Você é engraçado, Joaquim!
- A seu dispor!
- Bem eu adoraria conversar mais, mas tenho que ir agora.
- Está bem, nos vemos por ai, Mari!
- Você está bem? Eu sei que você não me conhece e nem eu a você… Quero dizer… Ah desculpa…
- Não tudo bem… Parece que o acaso adora fazer a gente se esbarrar, não é?
- O acaso ou a minha desatenção…
- Olha, uma coisa não anula a outra… Me chamo Joaquim, e você?
- Mariana, prazer!
- Prazer, Mariana.
- Mas então… Quer me contar o que está acontecendo? Desabafar pode ajudar.
- Pressão para fazer um curso que não tem nada a ver comigo, o de sempre… É um saco fazer vestibular…
- Olha, eu acredito que você deve fazer o que ama e ponto. É você que vai ter conviver consigo mesmo pro resto da sua vida, não é?
- Quem dera ser tão fácil, assim…
- E quem disse que não é?
- Você quer uma lista em ordem cronológica ou alfabética?
- Você é engraçado, Joaquim!
- A seu dispor!
- Bem eu adoraria conversar mais, mas tenho que ir agora.
- Está bem, nos vemos por ai, Mari!
Já em casa, aproveitei para tomar um banho rápido pois iriamos a um lugar, que de acordo com minha mãe era “muito especial”. Pensei em tudo que havia acontecido hoje de manhã e cheguei a conclusão de que não havia sido ruim como eu esperava. Talvez minha mãe estivesse certa e Windenburg fosse mesmo um ótimo lugar para recomeçar. Minha alegria se interrompeu no momento em que me peguei diante ao espelho e percebi o quanto estava descontente comigo mesma. Memórias de meu passado invadiram minha mente e fiquei lembrando de quando eu era criança e ouvia meus colegas debochando por que eu era gordinha e como se não bastasse, ainda tinha que lidar com o bullying dos amigos de meu irmão, que atualmente está morando fora do país. Não foi uma época fácil, especialmente porque tudo o que eu mais sentia era solidão.
“- Quer dizer que a mine orca gosta do Miguel?
- Melhor mandar a real para ela brother.
- Ela tem um parafuso a menos, galera.
- Coitada, Eliot, ela é uma criança, só.
- Ela tem que acordar para a vida, Miguel! “
Se Eliot soubesse o quanto me machucava ouvir aquele tipo de coisa... Eu era uma criança mas não era idiota...
- Melhor mandar a real para ela brother.
- Ela tem um parafuso a menos, galera.
- Coitada, Eliot, ela é uma criança, só.
- Ela tem que acordar para a vida, Miguel! “
Se Eliot soubesse o quanto me machucava ouvir aquele tipo de coisa... Eu era uma criança mas não era idiota...
- Mari, você está pronta? - De repente ouvi minha mãe no andar de baixo e acordei para realidade.
- Estou quase, mãe, já estou descendo.
Coloquei uma roupa que não enfatizava tanto minhas dobras, mas mesmo assim me senti muito mal com meu corpo, o que minha mãe logo sacou quando olhou meu rosto. Ao chegarmos no local ela falou:
- Mariana, você sabe que é linda…
- Você só diz isso porque é minha mãe…
- Você é cega menina? não viu aqueles carinhas te encarando quando passamos pela porta?
- Acho que eles estavam olhando a mulher que tava comigo, mãe, você!
- Estou quase, mãe, já estou descendo.
Coloquei uma roupa que não enfatizava tanto minhas dobras, mas mesmo assim me senti muito mal com meu corpo, o que minha mãe logo sacou quando olhou meu rosto. Ao chegarmos no local ela falou:
- Mariana, você sabe que é linda…
- Você só diz isso porque é minha mãe…
- Você é cega menina? não viu aqueles carinhas te encarando quando passamos pela porta?
- Acho que eles estavam olhando a mulher que tava comigo, mãe, você!
- Você é teimosa feito uma mula, Mariana!
- Devo ter puxado da minha mãe…
- Disso eu não posso discordar… Batalha vencida…
- Hahahaha, não tem como ficar chateada com você mãe… Bem o que queria me contar…
- Duas coisas: A primeira é que recebi notícias de seu irmão, e ele me contou que está noivo, Mari! Olha a foto que ele me mandou!
- Nossa, mãe, ela é linda parece uma modelo.
- E ela já foi! O nome dela é Cristina, final do mês eles nos visitarão!
- Que boa noticia mãe! E qual era a outra noticia?
- Bem… Mari você sabe o quanto eu amei seu pai né? Eu sei também que você era muito apegada a ele, assim como eu…
- Ainda dói lembrar dele…
- Meu amor, a questão é que, depois de muito tempo, eu estou começando a me apaixonar de novo, mas não vou ficar em paz se isso te ferir…
Passei tanto tempo vendo minha mãe sofrer que para mim era um alívio ver em seu rosto aquele brilho nos olhos, novamente, mas não sei dizer ao certo o que senti quando recebi essa notícia, não sei se estava preparada para lidar com um padrasto, mas jamais deixaria minha mãe saber disso. Eu não sabia como agir, era essa a verdade!
- Devo ter puxado da minha mãe…
- Disso eu não posso discordar… Batalha vencida…
- Hahahaha, não tem como ficar chateada com você mãe… Bem o que queria me contar…
- Duas coisas: A primeira é que recebi notícias de seu irmão, e ele me contou que está noivo, Mari! Olha a foto que ele me mandou!
- Nossa, mãe, ela é linda parece uma modelo.
- E ela já foi! O nome dela é Cristina, final do mês eles nos visitarão!
- Que boa noticia mãe! E qual era a outra noticia?
- Bem… Mari você sabe o quanto eu amei seu pai né? Eu sei também que você era muito apegada a ele, assim como eu…
- Ainda dói lembrar dele…
- Meu amor, a questão é que, depois de muito tempo, eu estou começando a me apaixonar de novo, mas não vou ficar em paz se isso te ferir…
Passei tanto tempo vendo minha mãe sofrer que para mim era um alívio ver em seu rosto aquele brilho nos olhos, novamente, mas não sei dizer ao certo o que senti quando recebi essa notícia, não sei se estava preparada para lidar com um padrasto, mas jamais deixaria minha mãe saber disso. Eu não sabia como agir, era essa a verdade!
Continua...