Aprendendo a Viver | Temporada 1 | Episódio 5
Narrado por Mariana
Eu juro que queria que o que eu havia acabado de ouvir fosse parte de um pesadelo, mas não era… A garota que mais implicava comigo nesse mundo era a filha única de Daniel, o namorado de minha mãe. No exato momento em que me virei em direção a Eduarda pude perceber no fundo de seus olhos que ela estava tão surpresa quanto eu com toda aquela situação, mas diferente do que eu esperava ela ao me cumprimentar parecia ser a pessoa mais gentil do universo. O jantar seguiu tranquilo para todos, mas insuportavelmente pesado para mim e como se não bastasse, ainda tive de lidar com meu irmão alcoolizado, falando do passado.
-Sabe quem eu encontrei em meu mochilão pela Europa, Mari?
-Não, quem?
-O nome Miguel te diz alguma coisa?
-Hum… E como ele está?
-Está bem, sim. Quando falei com ele estávamos conversando sobre os desamores do passado e adivinha? - Eu sabia que não iria vir boa coisa do final daquela frase. Olhei cabisbaixa, rezando internamente para que ele não falasse de minhas fragilidades na presença da pior pessoa do meu mundo. Cris percebeu na hora o quanto eu estava atordoada, mas tentou, sem sucesso, impedi-lo de falar.
-Meu amor… Acho melhor subirmos, não acha?
-Ainda é cedo gata! Mas continuando… Acabamos falando daquele episódio em que tu escreveu uma carta romântica para ele e no mesmo dia, ele apareceu com uma ex colega nossa do ensino fundamental. Ele até hoje se preocupa de ter te traumatizado, sabia?
-Eliot… - Disse minha mãe, percebendo o desconforto que eu estava sentindo. Ao mesmo tempo Eduarda mantinha-se calada, apenas observando.
-O que, mãe? Eu só estou querendo dizer que fico feliz de ver que ela esta feliz do jeito que ela é, porque não sei se você lembra, mas ela achava que tudo de ruim que acontecia na vida dela era por causa dela ser gordinha…
-Não, quem?
-O nome Miguel te diz alguma coisa?
-Hum… E como ele está?
-Está bem, sim. Quando falei com ele estávamos conversando sobre os desamores do passado e adivinha? - Eu sabia que não iria vir boa coisa do final daquela frase. Olhei cabisbaixa, rezando internamente para que ele não falasse de minhas fragilidades na presença da pior pessoa do meu mundo. Cris percebeu na hora o quanto eu estava atordoada, mas tentou, sem sucesso, impedi-lo de falar.
-Meu amor… Acho melhor subirmos, não acha?
-Ainda é cedo gata! Mas continuando… Acabamos falando daquele episódio em que tu escreveu uma carta romântica para ele e no mesmo dia, ele apareceu com uma ex colega nossa do ensino fundamental. Ele até hoje se preocupa de ter te traumatizado, sabia?
-Eliot… - Disse minha mãe, percebendo o desconforto que eu estava sentindo. Ao mesmo tempo Eduarda mantinha-se calada, apenas observando.
-O que, mãe? Eu só estou querendo dizer que fico feliz de ver que ela esta feliz do jeito que ela é, porque não sei se você lembra, mas ela achava que tudo de ruim que acontecia na vida dela era por causa dela ser gordinha…
Um flashback pairou sobre minha mente e coração e tudo o que eu sentia era como se eu estivesse sendo sufocada pelas lembranças que eu tanto tentava enterrar dentro de mim mesma. Uma angustia tremenda passou a tomar conta de meu estômago que me fez pedir licença daquela mesa de jantar e caminhar até a varanda para conseguir não dar nenhum vexame. Tudo que eu queria era não me sentir assim, mas aquele sentimento que me acompanhava desde criança não só não havia sumido, como também parecia estar maior do que nunca. Ouvi alguns passos atrás de mim e pensei, aliviada que possivelmente fosse a nova amiga que eu tinha feito naquela noite, mas eu estava enganada, não era Cristina… Nem de longe…
-Você não devia ter fugido, Mariana…
-O que você quer Eduarda? Quer pisar mais no pouco que sobrou da minha dignidade?
-Você já está fazendo um bom trabalho sozinha, eu imagino…
-Você ainda não me falou o que quer.
-Eu não vou ser falsa com você, não vou nem um pouco com a sua cara, mas pelo amor de Deus garota, você não pode simplesmente sair de cena toda vez que se sente humilhada. Fala como você se sente, porque eu sou a prova vida que se retrair não vai fazer com que os outros enxerguem seu problema, muito menos que te enxerguem!
-Ah ta que você agora deu para querer me ajudar…
-Eu fiquei com pena de você garota! Acredite se quiser, mas eu não sou um monstro, okay? Além do mais, se você é tão complexada com seu corpo porque não faz alguma coisa para mudar isso?
-Olha Eduarda… Eu realmente agradeço você ter mostrado que é um ser humano apesar de tudo, mas por favor, eu quero ficar sozinha com minhas dores, okay?
-O que você quer Eduarda? Quer pisar mais no pouco que sobrou da minha dignidade?
-Você já está fazendo um bom trabalho sozinha, eu imagino…
-Você ainda não me falou o que quer.
-Eu não vou ser falsa com você, não vou nem um pouco com a sua cara, mas pelo amor de Deus garota, você não pode simplesmente sair de cena toda vez que se sente humilhada. Fala como você se sente, porque eu sou a prova vida que se retrair não vai fazer com que os outros enxerguem seu problema, muito menos que te enxerguem!
-Ah ta que você agora deu para querer me ajudar…
-Eu fiquei com pena de você garota! Acredite se quiser, mas eu não sou um monstro, okay? Além do mais, se você é tão complexada com seu corpo porque não faz alguma coisa para mudar isso?
-Olha Eduarda… Eu realmente agradeço você ter mostrado que é um ser humano apesar de tudo, mas por favor, eu quero ficar sozinha com minhas dores, okay?
O jantar seguiu firme, quando eu voltei estavam falando da infância de meu irmão e de alguns ou outros episódios que eu aparecia. Meu estômago estava completamente embrulhado com todas aquelas lembranças, portanto não consegui colocar nenhum alimento em minha boca durante todo o evento. Minha mãe estava o tempo todo voltando sua atenção a Daniel e Eduarda, enquanto Cristina e Eliot começaram a sonhar com o casamento. Tudo ao meu redor eram palavras sem nenhum significado a mim, pois jamais conseguiam me alcançar no grande abismo em que em me encontrava dentro de meu passado. Assim que todos se ausentaram fui ao meu quarto tentar me encontrar no meio dessa confusão… Pela primeira vez em minha vida, no meio de toda aquela angustia interminável e da culpa, direcionei-me até a cozinha e fiz aquilo que menos queria fazer até então. Abri a geladeira e comecei a comer tudo que via pela frente. Eu não pensava, apenas queria afogar essa vazio que nada parecia preencher.
Quando despertei desse transe em que eu estava, percebi o que eu havia feito. No caminho de volta aos meus aposentos passei por um grande espelho e a culpa mais uma vez tomou conta de meus atos. Tudo o que eu conseguia pensar era que eu precisava corrigir esse momento de fraqueza, ou seja, precisava colocar tudo para fora do meu corpo. Eu não podia engordar, não podia fazer isso comigo mesma! Corri até o banheiro próximo ao meu quarto e com a ajuda de uma escova de dente forcei sair de dentro de mim cada alimento que eu havia ingerido, e depois de quase uma hora, consegui. Eu sabia que era perigoso, mas pouco me importava, pois seria só aquela vez… Era o que eu pensava...
No dia seguinte sai mais cedo de casa, pois não queria escutar nada sobre a noite anterior. No caminho do colégio lembrei do momento em que Eduarda viera falar comigo ontem. Se tinha alguém que eu não gostaria que soubesse de minhas fraquezas, esse alguém era ela. Agora eu estaria muito mais vulnerável. Só Deus sabe o que ela faria com essa informação. Antes que eu pudesse imaginar uma resposta para minhas indagações Frans aparece ao meu lado.
-Hey, Mariana, né?
-Sim! Você é irmão da Mila, né?
-Mas conhecido pelos íntimos de Frans!
-Hahahaha, ta certo… E ai, tudo bem?
-Comigo sim, mas você parece que não…Ta meio pálida, ta tudo bem?
-Está tudo bem comigo, apenas passei um pouco mal ontem de noite, mas obrigado por perguntar…
-Imagina, Mari… Posso te chamar assim?
-Pode, claro…
-Creio que não conversamos direito ainda, gostaria de sair comigo depois da aula?
-Hum… Ta bem… Acho que vai ser bom conversar um pouco com a Camila e você…
-Ah… A Camila, claro… Ela também virá… - Desse fazendo uma careta.
-Nos vemos após a aula então?
-Claro até lá…
-Hey, Mariana, né?
-Sim! Você é irmão da Mila, né?
-Mas conhecido pelos íntimos de Frans!
-Hahahaha, ta certo… E ai, tudo bem?
-Comigo sim, mas você parece que não…Ta meio pálida, ta tudo bem?
-Está tudo bem comigo, apenas passei um pouco mal ontem de noite, mas obrigado por perguntar…
-Imagina, Mari… Posso te chamar assim?
-Pode, claro…
-Creio que não conversamos direito ainda, gostaria de sair comigo depois da aula?
-Hum… Ta bem… Acho que vai ser bom conversar um pouco com a Camila e você…
-Ah… A Camila, claro… Ela também virá… - Desse fazendo uma careta.
-Nos vemos após a aula então?
-Claro até lá…
Chegando na sala de aula percebo que Camila conversa com Eduarda, e pela sua expressão o assunto é tenso. Quando me aproximo, Eduarda apenas me olha de cima a baixo e nada diz. Enquanto me arrumo para aula ouço Camila cochichar para mim:
-Eu dei um ultimato na Eduarda.
-O que? Como assim, o que você falou?
-Que ela estava sendo egoísta com Joaquim…
-E ela?
-Me mandou cuidar de minha vida…
-Típico dela…
-Não sei, Mari ela parecia diferente…Aliás falando em parecer diferente, o que houve com você? Ta mais branca do que o normal!
-Eu só passei meio mal, amiga, mas estou me sentindo melhor…
-Eu dei um ultimato na Eduarda.
-O que? Como assim, o que você falou?
-Que ela estava sendo egoísta com Joaquim…
-E ela?
-Me mandou cuidar de minha vida…
-Típico dela…
-Não sei, Mari ela parecia diferente…Aliás falando em parecer diferente, o que houve com você? Ta mais branca do que o normal!
-Eu só passei meio mal, amiga, mas estou me sentindo melhor…
Estávamos almoçando na casa de Camila quando resolvi contar sobre os últimos acontecimentos: tanto ela quanto Frans que nada tinha a ver com o assunto, ficaram abismados com o fato dela ser praticamente minha irmã postiça. Eu obviamente não comentei detalhes daquilo que meu irmão havia dito na noite anterior sobre minhas inseguranças, mas só de lembrar senti meu estômago embrulhar, fazendo com que eu perdesse o apetite. Antes que o assunto se prolongasse, meu celular tocou e ao atender ouvi Joaquim extremamente atordoado perguntando se podíamos conversar. Ele realmente não me parecia estar bem, então nem pensei duas vezes e fui encontra-lo.