Aprendendo a Viver |Temporada 2 |Episódio 7
Narrado por Mariana
Não posso dizer que minhas duas primeiras horas em treinamento com Joaquim foram isentas de constrangimento. Tanto por mim que cheguei a considerar se deveria ou não tentar permanecer nesse emprego, quanto por ele que mal me olhava nos olhos. Porém a situação entre nós teve que mudar, pois o estabelecimento começou a ficar cheio e se continuássemos nesse clima ira ser impossível dar conta. Não posso dizer que foram somente flores, mas em um geral eu me saí bem. Obvio, que teria que melhorar meu equilíbrio com as bandejas, mas as gorjetas no final do expediente faziam valer a pena. E falando em final de expediente, eu jurei a mim mesma que resolveria qualquer situação constrangedora entre mim e Quim, então decidi esperar por ele na hora da saída.
-Mari? Eu pensei que você já havia ido embora…
-Pois é, mas eu decidi te esperar Quim… A gente precisa conversar…
-Precisamos?
-Sim… Olha só, eu não gosto desse clima estranho que existe entre nós… Meu Deus, nem parece que éramos amigos ano passado…
-Eu sei… Ah, Mari… Eu também odeio essa tensão que existe entre nós dois… Me desculpe se eu parece estranho, mas é que não sei muito bem como lidar com você… Principalmente agora que tanta coisa mudou…
-Quim, eu continuo sendo aquela, Mariana, e honestamente eu acho que você também não está tão diferente daquele garoto que desabafava comigo sobre a vida…
-Você está certa… Que tal recomeçarmos? Prazer, eu sou Joaquim Ávila, e você?
-Prazer, Joaquim! Eu me chamo Mariana Monteiro!
-Pois é, mas eu decidi te esperar Quim… A gente precisa conversar…
-Precisamos?
-Sim… Olha só, eu não gosto desse clima estranho que existe entre nós… Meu Deus, nem parece que éramos amigos ano passado…
-Eu sei… Ah, Mari… Eu também odeio essa tensão que existe entre nós dois… Me desculpe se eu parece estranho, mas é que não sei muito bem como lidar com você… Principalmente agora que tanta coisa mudou…
-Quim, eu continuo sendo aquela, Mariana, e honestamente eu acho que você também não está tão diferente daquele garoto que desabafava comigo sobre a vida…
-Você está certa… Que tal recomeçarmos? Prazer, eu sou Joaquim Ávila, e você?
-Prazer, Joaquim! Eu me chamo Mariana Monteiro!
Os dias foram passando e cada vez mais me orgulhava da decisão de ter permanecido naquele emprego. Obvio que nem todos os cliente eram o açúcar em pessoa, mas mesmo assim era incrível estar em contato com todo tipo de gente, principalmente para alguém como eu que tinha tantas inseguranças! Joaquim mais uma vez havia se tornado um bom amigo, mesmo que ele preferisse que não falássemos sobre Frans. A verdade era que eu me sentia extremamente feliz em poder contar com Quim novamente. Trabalhar ao seu lado era muito prazeroso, tanto pelas muitas gargalhadas que dávamos, quanto pela alegria que me dava em ver sua euforia ao me explicar sobre as mais variáveis receitas. Cozinhar era sua paixão, e ver o brilho que ele emitia em seu olhar ao falar sobre sua paixão chegava a me provocar um calorzinho em meu coração. Ele me confidenciou que o motivo dele estar trabalhando lá era inicialmente para juntar dinheiro para fazer algum curso de culinária, pois infelizmente o clima em sua casa não era dos mais acolhedores. Somente em alguns meses Quim atingiria a maior idade, então ele precisava ter muita paciência até poder alcançar seus sonhos. Admirava aquela perseverança.
Eu mantinha Camila a par de tudo que estava acontecendo, pois depois da briga que tivemos meses atrás, não queria correr o risco de que torna-se a repetir. Quando contei que estava trabalhando com Joaquim, temi que ela fosse ficar incomodada, mas felizmente não foi o caso. Obvio, que ela me questionou sobre meus sentimentos, pois ela não queria que Frans sofresse, e muito menos eu. A verdade é que eu me sentia aliviada por estar de bem com Joaquim, pois esse mal estar que eu havia causado entre ele e Frans, impedia que eu conseguisse me entregar totalmente aquele relacionamento, pois no final sempre sentia como se tivesse alguma coisa errada… Honestamente, eu ainda gostaria que futuramente Frans e Quim voltassem a se falar, mas tinha completa noção que não seria algo da noite para o dia!
E assim foram seguindo os dias. Alguns mais calmos que os outros, mas todos bem produtivos. Até que em uma manhã fria de sábado, logo ao despertar, me dei por conta de que era véspera de meu aniversário. Era quase impossível de acreditar que nesse mesmo dia há exatos um ano atrás eu estava desolada por ter que passar mais um aniversário sem a presença de meu pai. E não era quaisquer aniversário. Eu estava para fazer quinze anos, a idade em que a maioria das meninas de minha antiga escola comemoravam com uma grande festa. Me machucava profundamente lembrar o quanto eu e meu pai sonhávamos com aquela valsa tradicional do pai e filha, a qual jamais poderíamos concretizar. Ainda me doía lembrar, daqueles sonhos, mas a cada ano que me afastava daqueles sonhos, era mais suportável para mim recordar. Tudo que me restava, era a nossa música… Levantei do conforto de minha cama e comecei a dedilhar aquela canção que tanto me lembrava dele. O vazio de meu coração era preenchido pelo amor que aquela canção me fazia sentir, trazendo a tona somente lembranças boas e nada mais… Ao finalizar a música, vejo uma notificação em meu celular que me avisava sobre mais um email anônimo. Eu havia optado por ignorar aqueles e-mails, pois senti que talvez não fosse melhor eu mexer tanto com o passado, pois se ele esteve tão bem escondido por tanto tempo, deve ter um bom motivo. Eu não queria trazer mais sofrimentos. Tomei uma decisão, que possivelmente eu me arrependeria mais tarde, pois ela me daria muito trabalho. Excluiria meu e-mail e cadastraria outro completamente diferente. Eu poderia até bloquear o endereço que tanto me enviava mensagens, mas nada impedira aquela pessoa de criar um novo endereço e continuar mandando. Contudo, se eu mudasse, ela então não teria como saber qual seria meu novo endereço. Eu precisava tentar, e foi isso que eu fiz.
Após esse feito, desci até a cozinha para beber um copo da água quando percebo que minha mãe também estava acordada, contudo ela estava do lado de fora de casa colocando algo no lixo. Me escondi para que ela não me visse e a segui para ver do que se tratava. Quando ela tornou a seu quarto, fui ver o que ela havia descartado, e para minha surpresa: Heis em minhas mãos mais uma vez, seu diário. Mas por que ela se desfaria de algo assim? Obviamente o recuperei e levei comigo, mas decidi guarda-lo em vez de começar a ler-lo.
Mesmo sabendo que ainda era cedo para estar na lanchonete, decidi ir, pois adorava caminhar pelas ruas de Windenburg quando era manhã. Conseguia pensar com mais clareza quando tudo que conseguia ouvir era o cantar dos pássaros. Eu mais uma vez tinha em mãos aquele diário, o que fazia considerar a hipótese de que talvez eu realmente devesse saber de tudo que estava registrado nele. No entanto me faltava coragem. E se aquilo que estivesse ali fosse deixar piorar as coisas em vez de esclarece-las?
-Mari? O que faz aqui tão cedo? - Surgiu atrás de mim, Joaquim.
-Eu precisava espairecer… Além disso gosto de caminhar de manhã, Quim…
-Mas nesse frio? Você quer ficar doente? Preciso te lembrar que amanha é seu aniversário?
-Quanto a isso…
-Ih la vem…
-Mari? O que faz aqui tão cedo? - Surgiu atrás de mim, Joaquim.
-Eu precisava espairecer… Além disso gosto de caminhar de manhã, Quim…
-Mas nesse frio? Você quer ficar doente? Preciso te lembrar que amanha é seu aniversário?
-Quanto a isso…
-Ih la vem…
-Quim eu gostaria de te pedir uma coisa… Eu gostaria muito que você fosse amanhã! Seria muito importante para mim… - Ele se espantou. - O que foi?
-Não, é que você me deixou surpreso… Eu pensei que com tudo que aconteceu… você…
-O que aconteceu foi lamentável, mas Joaquim, passou! Sério… Você é importante para mim, muito aliás… - Seu rosto de espantado passou para com um sorriso iluminado.
-Você, não faz ideia do quanto eu esperei por ouvir isso… - Ele se aproximou, fixando seu olhar no fundo de meus olhos.
-Então você estará, lá?
-Por nada desse mundo eu deixaria de estar! - Continuava sorrindo, mas dessa vez levou sua mão ao meu rosto, colocando um fio de cabelo atrás de minha orelha seguido de uma breve carícia.
-Eu fico muito feliz em saber disso, Quim! Eu sei que você e Frans eram muito amigos e… - No exato momento em que mencionei o nome de Frans, seu semblante fechou, mudando seu olhar de iluminado, para levemente desconcertado, afastando-se de mim. - … O que houve? Frans vai estar lá você sabe né?
-Não, é que você me deixou surpreso… Eu pensei que com tudo que aconteceu… você…
-O que aconteceu foi lamentável, mas Joaquim, passou! Sério… Você é importante para mim, muito aliás… - Seu rosto de espantado passou para com um sorriso iluminado.
-Você, não faz ideia do quanto eu esperei por ouvir isso… - Ele se aproximou, fixando seu olhar no fundo de meus olhos.
-Então você estará, lá?
-Por nada desse mundo eu deixaria de estar! - Continuava sorrindo, mas dessa vez levou sua mão ao meu rosto, colocando um fio de cabelo atrás de minha orelha seguido de uma breve carícia.
-Eu fico muito feliz em saber disso, Quim! Eu sei que você e Frans eram muito amigos e… - No exato momento em que mencionei o nome de Frans, seu semblante fechou, mudando seu olhar de iluminado, para levemente desconcertado, afastando-se de mim. - … O que houve? Frans vai estar lá você sabe né?
-Frans… Claro, "seu namorado”… Quase me esqueci desse detalhe. - Disse ele em tom irônico, virando de costas.
-Sim, Quim, Frans e eu somos namorados… Mas você é importante para mim também, pensei que eu fosse para você também…
-Mas é obvio que é, mulher! Você nem faz ideia!
-Então prove! Se nossa amizade vale mais do que essa birra, quero que você esteja lá, Quim!
-Desde quando você joga sujo, Mari?
-Desde que a minha ingenuidade permitiu que eu quebrasse meu coração… - Percebi que Joaquim havia ficado levemente magoado com o que eu havia respondido, mas por ser verdade, optei por me calar, me virando aquela feição triste dele. Quando escuto:
-Eu estarei lá, Mari… - De costas para ele, não consegui evitar sorrir para aquela resposta!
-Sim, Quim, Frans e eu somos namorados… Mas você é importante para mim também, pensei que eu fosse para você também…
-Mas é obvio que é, mulher! Você nem faz ideia!
-Então prove! Se nossa amizade vale mais do que essa birra, quero que você esteja lá, Quim!
-Desde quando você joga sujo, Mari?
-Desde que a minha ingenuidade permitiu que eu quebrasse meu coração… - Percebi que Joaquim havia ficado levemente magoado com o que eu havia respondido, mas por ser verdade, optei por me calar, me virando aquela feição triste dele. Quando escuto:
-Eu estarei lá, Mari… - De costas para ele, não consegui evitar sorrir para aquela resposta!
Já em casa, eu apenas recordava da conversa que havia tido com Joaquim, quando finalmente me caiu a ficha do que eu estava dando a entender quando o convidei para meu aniversário. “Meu Deus, ele achou que eu estava flertando com ele… Credo Mariana, você se supera nas mancadas… Meu Deus, por que diabos eu fiquei nessa ansiedade?” Sabia que eu teria um longo dia amanhã então me forcei a pegar no sono, pois precisaria de energia para lidar com tudo. Mal sabia eu que naquela mesma noite, alguém que mais umas vez chacoalharia minha vida havia acabado de desembarcar em Windenburg.
-É Mari… Chega de joguinhos, está na hora de finalmente você conhecer seu passado, minha irmã…