Aprendendo a Viver | Temporada 1 | Episódio 8
Narrado por Joaquim
Gritos, ofensas, choros intermináveis… Se você me perguntasse do que eu mais lembro de minha infância provavelmente essa seria a resposta mais honesta que eu pudesse lhe contar, mas isso não quer dizer que eu de fato a contaria, principalmente porque eu não confiava em ninguém suficientemente a ponto de expor o quanto isso me machucava por dentro…
-Sabe o que você é, Flávia? Uma prostituta de quinta! Uma vadia interesseira!
-Você não sabe o que está falando, Estevão, está bêbado!
-Eu nunca estive tão sóbrio em toda minha vida, sua imunda!
-Pelo amor de Deus, homem, por que você está me ofendendo? Você sabe que eu te amo…
-PARA DE MENTIR, SUA HIPÓCRITA! EU VI VOCÊS AOS BEIJOS COM ELE!
-Estevão, por favor… NÃOO!!!
-Sabe o que você é, Flávia? Uma prostituta de quinta! Uma vadia interesseira!
-Você não sabe o que está falando, Estevão, está bêbado!
-Eu nunca estive tão sóbrio em toda minha vida, sua imunda!
-Pelo amor de Deus, homem, por que você está me ofendendo? Você sabe que eu te amo…
-PARA DE MENTIR, SUA HIPÓCRITA! EU VI VOCÊS AOS BEIJOS COM ELE!
-Estevão, por favor… NÃOO!!!
Eu não conseguia olhar… Quisera eu ser capaz de me colocar entre meu pai e minha mãe para impedir que ele levantasse sua mão a ela, mas eu era covarde… Eu não conseguia me mover… Era como se eu estivesse afundando em um rio escuro, sem poder respirar… Tudo que eu conseguia fazer era fugir para meu quarto a espera de minha babá, Dona Julieta, que era a única que conseguia me acalmar.
Dona Julieta era mais que uma babá para mim… Ela foi avó, foi mãe, foi amiga… Me ensinou o que era certo e errado, me ajudou a estudar para as provas de matemática que eu tanto tinha dificuldade, pois tinha sido professora em sua juventude… Nana, que era como eu a chamava desde sempre, também foi a responsável por trazer a minha vida uma pessoa que por muito tempo foi uma das mais importantes para mim, Eduarda. Duda era neta de Nana, e foi num dia como outro qualquer que a conheci. Lembro-me que era o final do ano letivo e começo de um dos verões mais quentes em Windenburg, quando Nana apareceu lá em casa com Eduarda. Lembro que estava com cerca de 10 anos quando pulamos na piscina juntos pela primeira vez. Ela parecia ser tão tímida quando trocamos nossas primeiras palavras, e não demorou muito para nos tornarmos melhores amigos!
-Quim, meu filho, hoje eu trouxe alguém para brincar com você!
-Nana, que saudade, achei que não viria hoje! Quem é?
-Meu querido, essa é Dudinha, minha neta…
-Olá…
-Olá Dudinha, muito prazer…
-Nana, que saudade, achei que não viria hoje! Quem é?
-Meu querido, essa é Dudinha, minha neta…
-Olá…
-Olá Dudinha, muito prazer…
Os anos foram passando, e tudo parecia estar em paz finalmente… Minha mãe havia dado a luz a Melissa, minha irmãzinha, enquanto Eduarda, aquela menina tímida e meiga que conheci foi dando lugar a uma nova versão dela mesma, cada dia mais falante, extrovertida e principalmente atraente para mim, que a essa altura estava com 14 anos. Já não era maia aquela garota magricela e miudinha que havia conhecido quando era apenas um garoto, e suas mudanças estavam cada vez mais chamando minha atenção, principalmente após o momento em que Eduarda passou a frequentar a mesma escola que eu na época. Porém foi quando eu senti ciúmes de outros garotos a volta dela, que concluí que estava de fato apaixonado por ela. É… aquela Eduarda havia tornado-se meu primeiro amor, não demorando muito para torna-se também o meu primeiro beijo…
- Eu não entendo o que está acontecendo com você, Joaquim!
- O que está acontecendo? Meu Deus como você pode ser tão cega?
- Eu não gosto quando você fala assim comigo... Parece até que não gosta mais de mim...
- E eu não gosto... Eu te amo!
- O que está acontecendo? Meu Deus como você pode ser tão cega?
- Eu não gosto quando você fala assim comigo... Parece até que não gosta mais de mim...
- E eu não gosto... Eu te amo!
Depois daquele beijo, passamos a namorar, e aquele período de paz seguia firme… Pelo menos nos dois seguintes meses quando recebemos a notícia de que Nana estava muito doente e precisava ser hospitalizada. Foi terrível para mim ver aquela doce senhora cada dia que passava, mais fraquinha e dependente, mas foi ainda pior para Duda, pois além de lidar com essa situação delicada, teve que lidar com a separação de seus pais e a internação de sua mãe em uma clínica psiquiátrica. Eduarda estava desolada… Parecia que a cada dia ia fechando-se mais e mais para dentro de si mesma, até o dia em que o inevitável aconteceu e Nana, um verdadeiro anjo em nossa vida, faleceu. Nesse dia, eu soube que Duda havia mudado para sempre, pois uma lágrima sequer eu a vi derramar durante aquele triste enterro.
Ela estava sombria, mais fria e visivelmente mais irritada. Ao mesmo tempo, meus pais pareciam estar cada vez mais tensos um com o outro, o que não me deixava em bons lençóis. Foi questão de alguns dias para que acontecesse meu primeiro rompimento com Eduarda, o qual se deu simplesmente porque a peguei aos beijos com um outro garoto, e isso foi como um belo soco em meu estômago, pois desde aquele dia, jamais fui capaz de confiar nela novamente. Com o tempo, fui me aproximando de outras pessoas, fazendo novas amizades, que não bem o que a Nana chamaria de boa companhia… Tanto que muito me deixei influenciar por pensamentos machistas e medíocres. Algumas semanas após o termino com Eduarda, nós decidimos voltar, mas eu já não era o mesmo garoto de antes, assim como Eduarda também não era a mesma doce menina que havia conhecido. Eu não pensava duas vezes em aceitar investidas de outras garotas, mesmo estando com Eduarda. A cada dia eu me tornava mais parecido com o canalha do meu pai, e nem estava me dando por conta… Os anos continuaram avançando até um dia em que conheceria outra garota que mudaria tudo, mais uma vez…
-Tá, mas que nota você da para a Laura do segundo ano, Joaquim?
-Ela é um oito, tem um belo par de peitos, mas deixa a desejar com aquele bumbum…
-Mas te garanto, Men, ela é um dez na cama, isso eu garanto!
-Hahahaha, tem certas coisas, Billy, que eu só acredito vendo…
-Caraca, brô, nem brinca com isso que eu te conheço!
-Calminha, brother, não tenho interesse em ficar com tua mina, ta ligado?
-Até porque, né, quem disse que ela ficaria contigo, né Joaquim? - Disse Frans, com um ar de deboche.
-Se eu quisesse, ela ficaria sim, meu caro Frans, eu sei como agradar!
-Hahahaha, não seria nada desafiador né meu caro Don Juan de quinta… - Disse Blly rindo - Até porque meu caro, até hoje só vi você pegando as fáceis, e cá entre nós, a Laura é mamão com açúcar…
-Isso ta me cheirando a desafio, rapazes? Porque eu não fujo de desafios, meus caros!
-Hum… Então está bem! Eu aposto cinquenta reais, que você, em um mês, não conseguirá levar para cama uma garota de numero três , que eu pessoalmente escolherei!
-Pode ir separando minha grana, Billy, pois isso será ainda mais fácil do que levar alguém como Laura para cama.
-Veremos!
-Ela é um oito, tem um belo par de peitos, mas deixa a desejar com aquele bumbum…
-Mas te garanto, Men, ela é um dez na cama, isso eu garanto!
-Hahahaha, tem certas coisas, Billy, que eu só acredito vendo…
-Caraca, brô, nem brinca com isso que eu te conheço!
-Calminha, brother, não tenho interesse em ficar com tua mina, ta ligado?
-Até porque, né, quem disse que ela ficaria contigo, né Joaquim? - Disse Frans, com um ar de deboche.
-Se eu quisesse, ela ficaria sim, meu caro Frans, eu sei como agradar!
-Hahahaha, não seria nada desafiador né meu caro Don Juan de quinta… - Disse Blly rindo - Até porque meu caro, até hoje só vi você pegando as fáceis, e cá entre nós, a Laura é mamão com açúcar…
-Isso ta me cheirando a desafio, rapazes? Porque eu não fujo de desafios, meus caros!
-Hum… Então está bem! Eu aposto cinquenta reais, que você, em um mês, não conseguirá levar para cama uma garota de numero três , que eu pessoalmente escolherei!
-Pode ir separando minha grana, Billy, pois isso será ainda mais fácil do que levar alguém como Laura para cama.
-Veremos!
Enquanto esperávamos Billy sair do banheiro, conversava com Frans sobre o futuro e fiquei feliz de saber que ele tinha planos de fazer um mochilão pela Europa antes de ingressar em uma universidade. Eu infelizmente não tinha essa possibilidade, pois a cada dia que passava eu me sentia cada vez mais pressionado por parte de meu pai para fazer o curso que ele queria que eu fizesse em vez de me deixar livre para escolher... Como eu gostaria que as coisas fossem mais fáceis para mim...
-Quim?
-Oi?
-Você ficou calado de repente... Ta tudo bem cara?
-Ta sim, é só as mesmas tratas de casa...
-Olha cara, eu sei que que punk, mas tenta pensar que tudo passa, okay?
-Valeu, Men...
-Outra coisa, brother... Eu sei que você faz o que quiser da sua vida, mas olha, pensa bem quanto a esse lance da aposta com o Billy, okay? Acho que vocês foram longe demais...
-Relaxa, Frans, que eu sei o que to fazendo, você não precisa se envolver nisso, okay? - Sabia porcaria nenhuma, era essa a verdade. Tudo que eu tinha medo era de ter meu orgulho de macho ferido... Se eu tivesse noção do quão mesquinho eu estava sendo... Jamais concordaria em fazer algo assim!
-Quim?
-Oi?
-Você ficou calado de repente... Ta tudo bem cara?
-Ta sim, é só as mesmas tratas de casa...
-Olha cara, eu sei que que punk, mas tenta pensar que tudo passa, okay?
-Valeu, Men...
-Outra coisa, brother... Eu sei que você faz o que quiser da sua vida, mas olha, pensa bem quanto a esse lance da aposta com o Billy, okay? Acho que vocês foram longe demais...
-Relaxa, Frans, que eu sei o que to fazendo, você não precisa se envolver nisso, okay? - Sabia porcaria nenhuma, era essa a verdade. Tudo que eu tinha medo era de ter meu orgulho de macho ferido... Se eu tivesse noção do quão mesquinho eu estava sendo... Jamais concordaria em fazer algo assim!
Estávamos nos encaminhando para sala quando em um momento de distração me esbarro com uma garota, a quem eu mal havia visto se aproximar. Ela era pequena e tinha um semblante assustado com aquela situação inusitada. Usava uns óculos fundo de garrafa os quais deixavam seus redondos olhos claros maiores. Ao se desculpar, percebi que seu rosto estava ficando levemente rosado de vergonha. Ela deveria ser nova, pois nunca havia a visto perambular pelos corredores da escola. Percebi que ao voltar a prestar a atenção em Billy e Frans que me acompanhavam, ambos estavam rindo de minha cara de desconfortável com aquela trombada na garota estranha.
-Ta rindo do que, meu?
-Ta rindo do que, meu?
-De você! Ai Joaquim… Parece que acabou de conhecer a sua numero três…
Continua...
Continua...