"Não dava mais para aguentar... Cada minuto de espera era como uma eternidade de tortura. Já que não obtive retorno de Isabelle, fui até o único lugar onde poderia encontrá-la... Ao chegar lá, pude perceber que poucas coisas tinham mudado. Senti como se tivesse estado ontem mesmo aqui, abraçando minha Isabelle pela última vez..."
-Rodrigo? -Alexandre! -Por Deus... Parece que estou diante de um fantasma. Eu sabia que meus olhos não estavam me enganando quando pensei ter visto você no hospital!
-Alexandre, eu sei que ela está ai... Por favor, deixe-me falar com ela...
-Rodrigo, eu não sei se é uma boa ideia. -Por favor Alex, eu não aguento mais esperar... Eu preciso! -Rodrigo, talvez fosse melhor... -Tudo bem, pai!
-Isabelle, como você está? -Não estou 100 por cento, mas vou estar... -Isabelle eu... -Olá Rodrigo...
-Eu ficarei bem, pai... -Eu sei, eu sei... É só que eu me preocupo... -Não precisa, voltarei para o jantar...
Eu não tinha certeza de como agir neste momento... Tinha vontade de me virar para Rodrigo e beijá-lo como nunca tinha feito, porém ao mesmo tempo, eu queria gritar com todas as minhas forças porquê o universo tinha me colocado nessa situação.
-Isabelle? No que você está pensando? -São tantos pensamentos que eu nem sei, Rodrigo... -Sabe sim!
-Como é? -Isabelle Eleonora Camerini, não pense que eu não me lembro de você e de sua cabecinha pensante... Diga-me o que está fervilhando por baixo desses fios ruivos.
Estou me lembrando, Rodrigo. Desde o dia em que nos conhecemos naquela biblioteca, até a última vez que nos vimos naquele trágico acidente... -Faça das suas lembranças, as minhas. -Como é? -Eu quero conseguir me lembrar de tudo, meu am... Desculpa, Isabelle... Minha cabeça está como um filme cortado em pequenos flashbacks
-Tudo isso aconteceu por minha culpa, Rodrigo... Se não fosse minha maldita mania de fugir dos meus problemas... Seu eu não tivesse te ligado aquela noite para você me levar para longe de tudo e de todos... -Acho que começo a me recordar... Você tinha descoberto algo terrível sobre seu pai, não é? -Ah Rodrigo... Por muito tempo eu nem sequer chamei ele de pai mais... E sim você está certo, eu tinha descoberto que meu pai tinha um caso...
Retomar tais memórias trouxe-me uma terrível angústia a meu peito que fazia brotar lágrimas de culpa. Tentei, sem sucesso, esconde-las, mas rodrigo havia percebido.
-Isabelle, meu anjo, não foi você a culpada pelo o que me aconteceu, e sim foi você quem me manteve vivo, quem me fez voltar a vida... -Ai Rodrigo... É tão complicado... -Eu quero saber de tudo, conte-me, Ma belle...
Vagamos pelo parque enquanto eu contava toda minha trajetória à Rodrigo. Vi sua expressão ir de suave até um certo rancor, principalmente quando mencionei o nome de Pietro em meu monólogo. Falei o quanto foi difícil no início, pois tanto eu quanto Pietro nos culpávamos pelo acontecido até vermos que foi essa mesma culpa que havia nos aproximado. É claro que não pude deixar de falar o que tinha surgido desse vínculo que tinha nascido entre mim e seu irmão. Percebi o quanto tinha raiva e tristeza quando tocava no nome dele, pois como tudo era muito recente sentia como tocar em uma ferida aberta.
-Bem eu também tenho novidades... -Quais? -Sabe meu avô? -Sim, mesmo nunca ter tido uma conversa com ele. -Bem, no mesmo dia em que descobri sobre você, descobri que minha vida toda foi baseada em uma mentira... -O que? como assim? -Bernardo Perini não é meu avô... É meu pai! -Como é que é? -Você não entendeu errado... Parece que meu... Ah.. Bernardo teve um caso com minha mãe, ou seja tudo que eu mais admirava em minha família foi baseado em uma grande mentira... Para ser franco acho que só consigo me lembrar de uma coisa que foi real em tudo que vivi... - O que seria? -Eu acho que você sabe a resposta dessa pergunta, Isabelle.
Por mais que eu não quisesse admitir, acreditava que me encontrava na mesma situação que Rodrigo... Tudo que eu mais queria fazer nesse momento era sentar ao seu lado e me aconchegar em seu abraço quente e cheiroso, poder ouvir de seus lábios que tudo ia ficar bem, tudo ia se acertar e que as coisas voltariam a ser como eram antes... Mas isso é apenas ficção... Eu sou bem ciente de que a realidade é completamente diferente do que eu gostaria que fosse. Era uma tortura ter que controlar meus impulsos, mas era preciso, pois muita coisa havia acontecido desde o acidente...
Flashes do passado... (Ponto de vista de Bernardo) "Não há como me esquecer daquele dia... Sabe aquele momento em que ao despertar de um sono profundo, já intuímos que algo ruim vai acontecer... Uma mistura de sensação de angustia com tristeza. Naquele dia eu soube... A consequência de meus meus medos estava batendo em minha porta... " -Hanna?
Aquele seria o fim...
-Meu bem... Você não me avisou que viria... -Precisamos conversar, Bernardo... Não dá para esperar... -... -Não está dando certo, Bernardo...
-Espera, Hanna, sempre existe um jeito de arrumar as coisas... -Eu também achei que tinha, mas a quem queremos enganar... Somos diferentes demais... Não acreditamos e nem queremos as mesmas coisas... -Você sabe que eu estou tentando mudar, Hanna, Por você!
-Bernardo... É ai que está o primeiro erro, não vê? Não mude por mim, mude por você... -Hanna, eu amo você! Eu preciso de você... Eu quero mudar, você sabe! -Não Bernardo... Você não quer... Você está tentando ser alguém completamente diferente de você. Eu vou estar sendo injusta se exigir que você não seja você... -Você me faz ser uma pessoa melhor... -Ai Bernardo...
-Espere um pouco... Hanna... Você está me escondendo alguma coisa. -Você merece que eu seja sincera... Bernardo eu amo outra pessoa... -Mas como?! Quem?! -Sou eu Bernardo...
-Eu juro que desse para evitar... -CALA A BOCA, SEU TRAIDOR!
-Bernardo... -Você também seu lixo... Bem que meu pai tinha me avisado sobre você... -Não fala com ela assim!
-SAIA DE MINHA CASA SEU TRAIDOR DE MERDA! SAIAM VOCÊS DOIS!
-Eu lamento que tenha que ser assim, Bernardo... -Saiam daqui...
"No final das contas... Eu havia finalmente mudado, mas não para melhor..."
Ao entardecer... (Ponto de vista de Pietro) Na noite anterior, havia recebido um email o qual me oferecia uma oportunidade irrecusável, o que caso eu aceitasse, seria como deixar tudo para trás, inclusive Isabelle... Talvez eu devesse dar esse tempo a ela, pela lógica, mas pelo coração eu queria mais do que tudo que ela me perdoasse. Queria mais do que tudo, inclusive, mas do que essa proposta irrecusável, saber que ela ainda me amava. Saber que a escolha dela seria eu, apesar de eu saber que seu coração amava meu irmão... Se ela dissesse para eu ficar... Eu ficaria...
-Hey, brother! Já faz algum tempo hein? -Com certeza, cara!
-A que devo a visita, Pietro? -Problemas... A bomba estourou... -Cara... Como foi isso?
-Ironicamente, nesse instante parece que foi tudo muito rápido, porém na hora, podia jurar que cada segundo demorava uma eternidade... -Seja mais objetivo, você sabe que eu me perco nessas falas subjetivas... -Eu não precisei dizer nada a Isabelle... Quando dei por mim... Ela estava apavorada encarando Rodrigo como se fosse uma aparição fantasma... E quanto a Rodrigo... Acho que perdi para sempre meu irmão... Pior do que perder alguém pela morte, e perder alguém que ainda está vivo...
Contei tudo com mais detalhes a Mauro, falei sobre a proposta de viagem a Londres. Mauro me disse que não deveria recusar uma proposta como essa, e pela lógica eu sabia que não podia nem cogitar desistir dela, mas mesmo assim, era inexplicável o vazio que eu estava tendo que suportar.
-Eu preciso falar com Isabelle...
Indignado, Mauro esboçou uma clara expressão de desapontamento pela minha fala. -CARA... Não é só ela que sofreu com tudo isso... Olha para você. Olha pra situação de merda que você estava. Não tem o que pensar. Você deve esse tempo a você!